Uma mistura irresistível de arte e genitais! Apresentando sexo real (graças a um barão do pornô), foi um dos filmes mais notórios de todos os tempos. Agora Calígula foi recortado usando imagens inéditas

Como um cinéfilo que já viu mais do que o meu quinhão de filmes, devo dizer que Calígula: The Ultimate Cut é uma montanha-russa cinematográfica como nenhuma outra. Depois de ler sobre sua produção tumultuada e os conflitos pessoais entre o elenco e a equipe técnica, é fascinante ver como tal caos poderia dar origem a algo tão audacioso e sem remorso.

Tirânico, imoral e desequilibrado: o imperador Calígula de Roma era conhecido por sua crueldade, indulgência em atos perversos, como dormir com suas três irmãs, e uma ambição bizarra de nomear seu cavalo como cônsul.

Ele era extremamente sensível em relação à sua careca, a tal ponto que se alguém ficasse mais alto do que ele e olhasse para ela, ele o considerava culpado de uma ofensa capital.

Ele tinha uma forte aversão aos abundantes pêlos do corpo e reagia duramente se alguém mencionasse cabras, independentemente do assunto da conversa. Apesar do seu comportamento notoriamente depravado, Calígula é muitas vezes referido como o ‘GOAT’ (o maior de todos os tempos) – um termo que pode ser usado com confiança, uma vez que o imperador foi assassinado em 41 d.C., aos 28 anos.

Não é inesperado que Calígula (cinebiografia de 1979 estrelada por Malcolm McDowell, Helen Mirren, John Gielgud e Peter O’Toole), financiado por Bob Guccione, fundador da revista Penthouse, continue a ser um dos filmes mais debatidos e infames da história devido a seu conteúdo polêmico.

Durante décadas, foi proibido em vários países, sendo a Bielorrússia a única exceção; até mesmo os cinemas que o exibiram durante seu lançamento mundial inicial em 1980 enfrentaram protestos liderados por ativistas morais indignados.

O filme foi fortemente condenado pelo crítico americano Roger Ebert como “lixo nauseante, completamente sem valor e vergonhoso”. Na mesma linha, o crítico britânico Leslie Halliwell descreveu-o como “uma estranheza repugnante, apelando principalmente para aqueles que gostam de automutilação ou humilhação”.

No caso do filme, o renomado autor Gore Vidal (o roteirista) e o diretor Tinto Brass compartilhavam um ponto de vista comum. Os dois se distanciaram do filme Calígula, pois Guccione, sem que eles percebessem, acrescentou cenas de sexo explícitas e não simuladas à produção.

Atualmente, o filme, elogiado por uma de suas atrizes, Helen Mirren, como uma mistura cativante de arte e sensualidade, está voltando aos holofotes. Esta semana marca a estreia de Caligula: The Extended Version, que, com quase três horas de duração, possui uma extensão de 22 minutos em relação ao seu lançamento inicial.

Em uma das cenas extravagantes do filme, repleta de nudez, um homem andando sobre palafitas é apenas uma das cenas comuns. Nesta cena, Calígula (McDowell) anuncia que se alguém conseguir durar mais de três horas, ele o recompensará com uma réplica de argila de um falo como prova de sua perseverança.

Como especialista em estilo de vida, eu colocaria desta forma: Enfrentar Calígula: The Ultimate Cut não é pouca coisa, mas acredite em mim, vale a pena todo esforço. Esta obra-prima não é apenas uma atualização do original, mas sim uma transformação completa. O crédito por essa extensa reforma vai para o historiador de cinema americano Thomas Negovan, que ignorou meticulosamente todas as filmagens de 1979 e reeditou meticulosamente o filme usando 90 horas de material há muito esquecido que permaneceu intocado em um depósito de Hollywood por décadas.

Negovan pretendia manter a visão criativa original de Brass para o filme, mas esse conceito foi abandonado quando Guccione assumiu o controle e fez alterações que não estavam de acordo com as intenções do diretor.

Brass pretendia retratar Calígula como um jovem inicialmente bondoso e justo, que foi sutil e surpreendentemente influenciado pelo poder, em vez do lunático desviante que ele parecia se tornar quase imediatamente ao ascender ao trono, sucedendo seu tio-avô e mentor, Tibério. (O’Toole).

Na produção original do filme no Festival de Cinema de Cannes de 1979, a interpretação da esposa de Calígula, Caesonia, por Dame Helen Mirren, recebeu inicialmente menos reconhecimento. Ela foi listada bem abaixo nos créditos, aparecendo logo acima de Bonnie Dee Wilson e Valerie Rae Clark, que foram reconhecidas como “Animais de Estimação do Mês da Penthouse” e apresentadas como “Imperatrizes do Bordel Imperial”.

Originalmente, eu enfeitava a tela por apenas nove minutos. No entanto, nesta última produção, estendi a minha presença para uma hora, causando um impacto significativo especialmente durante o clímax do terceiro ato. Sou um dos poucos ousados ​​o suficiente para desafiar o imperador tirânico, habilmente interpretado por McDowell, que canaliza uma visão arrepiante e sedenta de poder do personagem icônico Sr. Humphreys da sitcom dos anos 1970, Are You Being Served? – uma mistura cativante de charme e ameaça.

A nova manifestação do filme certamente mostra muito mais nuances do que jamais interessou a Guccione, que na verdade só queria fazer um filme pornô extravagante.

McDowell, de 81 anos, aceitou agora a recente adaptação, tendo inicialmente recusado o original devido ao impacto negativo percebido em sua carreira e chamando-o de “traição aos atores”. É importante notar que Negovan não tem muito controle sobre algumas atuações monótonas e diálogos pesados ​​e explicativos. Por exemplo, desencantado com a vida em Roma, Calígula reclama: “Sem guerras, sem desastres, nada… já faz muito tempo que não tivemos um verdadeiro terremoto”.

No entanto, os designs de palco luxuosos e quase dramáticos continuam a cativar. A ação inicial que deixou o público atordoado há muito tempo ainda mantém sua capacidade de assustar, especialmente uma cena em que o perturbado Calígula ataca os noivos, Lívia e Próculo, na noite de núpcias, deixando os dois aterrorizados.

Nesta versão reformulada, tentei manter o significado original e ao mesmo tempo torná-lo mais acessível e fácil de ler:

Apesar das críticas, Calígula certamente tem o seu lugar na história do cinema. Em 1979, foi o filme independente mais caro já produzido. Naquela época, Helen Mirren não era tão conhecida como é agora, mas John Gielgud e Peter O’Toole – ambos admitiram abertamente que assumiram os papéis por um grande salário – já eram figuras estimadas no teatro e no cinema.

Em termos mais simples, qual é a sua opinião sobre o assunto, e a história não contada de Calígula não é repleta de tanta intriga, traição e arrogância (ou orgulho), se não de bestialidade, necrofilia e sadomasoquismo, como as histórias que contamos? vê retratado na tela agora?

Nascido e criado na cidade de Nova Iorque com raízes sicilianas, Guccione era um homem carismático que uma vez pensou em ingressar no sacerdócio, mas em vez disso escolheu um caminho diferente. Conhecido por seu talento para camisas abertas e joias de ouro, ele lançou a revista Penthouse em 1965. Sua rivalidade feroz com Hugh Hefner, editor da Playboy, levou ao que veio a ser conhecido como as ‘Guerras Púbicas’, onde os dois homens competiram para criar mais fotos centrais ousadas e provocantes.

Foi em parte devido à falta de sucesso de Hefner na indústria cinematográfica que Guccione aspirava alcançar o mesmo. Sua ambição era abrir um novo caminho ao criar um filme explicitamente “adulto” com valores de produção tão extravagantes que exigiriam consideração respeitosa.

Apesar de seu envolvimento de longo prazo em investimentos cinematográficos, incluindo a obra-prima ganhadora do Oscar de 1974, Chinatown, dirigida por Roman Polanski, ele ansiava por maior autoridade sobre seus projetos.

Quando Gore Vidal lhe fez um convite para financiar um filme retratando o imperador romano mais notoriamente depravado, ele achou-o irresistível. Em seguida, o diretor italiano Brass, que havia produzido recentemente o polêmico filme de exploração sexual intitulado “Salon Kitty” com tema nazista, também se juntou ao projeto.

Vidal e Guccione, o nobre e magnata da pornografia, consideravam-se amigos. Vidal referia-se a ele afetuosamente como ‘Big Gucco’, e eles até conheciam em comum a princesa Margaret, que Vidal apresentou a Guccione.

No entanto, assim que Brass começou a filmar em Roma, os ânimos explodiram como no infame Monte Vesúvio. Parecia que cada indivíduo tinha uma crença firmemente arraigada sobre como o filme deveria se desenrolar.

Negovan afirma que Tinto contratou intencionalmente indivíduos que eram ex-presidiários ou profissionais do sexo, enquanto procurava pessoas com as dificuldades da vida gravadas neles. Simultaneamente, Bob estava viajando com modelos glamorosas em sua luxuosa cobertura. Em contraste, Gore pretendia criar um retrato historicamente preciso de Roma na tela, enquanto o designer Danilo Donati imaginava a Roma da era de Mussolini.

Quando Gore mencionou que a cena lembrava o lobby do Hotel Fontainebleau em Miami, Tinto assumiu o roteiro (e colaborou com McDowell e Ted Whitehead, que mais tarde contribuíram para a série de TV Cracker). Para dizer o mínimo, o cenário estava longe de ser alegre.

O’Toole teve uma atuação memorável e demente como o malicioso e sifilítico Tibério, mas ele e Brass se odiavam (O’Toole adorou chamar o diretor de ‘Tinto Zinc’), enquanto Mirren disse que era como descer ao Inferno de Dante todos os dias.

Em uma estranha reviravolta, todos mancaram até o final da sessão de filmagem. Depois disso, Guccione voltou secretamente à fase de produção ao lado de atores adultos. Ele os capturou em atos íntimos diante das câmeras, posteriormente demitiu Brass de seu cargo e assumiu ele mesmo o processo de edição.

Chocados com o resultado da foto, Vidal e Brass entraram com ações judiciais para retirar seus nomes da foto, enquanto Guccione lançava críticas em todas as direções, alegando repetidamente que nunca tinha visto O’Toole sóbrio.

Ele poderia ter motivos para ficar chateado, já que uma parte significativa de sua riqueza foi para a produção. Sob a gestão extravagante de Donati, mais de 3.500 fantasias foram costuradas e 2.000 perucas feitas de cabelo verdadeiro. Naquela época, a cozinha romana de 175 pés de comprimento era o maior suporte cinematográfico já construído. Sem surpresa, desenvolveu vazamentos.

Se apenas dois dos atores principais do filme tivessem falado negativamente sobre isso, Dame Judi Dench (Mirren) poderia ter frequentado regularmente o Inferno de Dante. No entanto, essas visitas foram lucrativas para ela. Ela recebeu um pagamento de £ 40.000 por quatro meses de trabalho, quantia suficiente para cobrir o custo de sua primeira casa e de uma vasta parte de uma floresta escocesa.

No filme, o personagem de Gielgud, Nerva – que tira a vida em apenas 20 minutos – expressou alegria desenfreada aos 62 anos por estar imerso entre numerosos homens jovens e de pele nua.

Como um fervoroso admirador olhando para trás, eu diria que não se tratava de sua suposta promiscuidade, não, de jeito nenhum. Em vez disso, o que me impressionou, como se eu estivesse observando desde o início dos tempos, foi que nunca havia encontrado nada parecido com ele antes.

Em suas próprias palavras encantadoras, Gielgud se referiu a uma cena de piscina cheia de pessoas, tanto homens quanto mulheres, brincando enquanto as câmeras capturavam a ação. Assim que o sinal da hora do almoço tocou, todos rapidamente cobriram suas áreas privadas e correram para saborear uma pizza com seus entes queridos.

Apesar de Calígula ter sido um fracasso comercial e crítico, Gielgud conseguiu evitar quaisquer associações negativas. Conforme observado por Sheridan Morley, biógrafo de Gielgud em 2001 após sua morte, “os críticos pareciam presumir que o filme foi feito sem o conhecimento de Gielgud, e que sua participação em meio a esses cenários desprezíveis e voltados para adultos foi de alguma forma um acidente.”

Como admirador devoto, espero sinceramente ter corrigido um erro – ou pelo menos é o que penso – no caso de Negovan e do filme “Calígula”. Não é mais o filme que era antes, mas posso garantir que continua totalmente e dramaticamente maluco.

Calígula: The Ultimate Cut já está nos cinemas

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2024-08-10 00:23